Polêmico, o projeto “Escola sem partido” voltou a ser discutido na Câmara dos Deputados. Nesta terça-feira (7), durante uma audiência pública que reuniu professores de universidades federais e especialistas sobre o assunto, o deputado Bacelar criticou a proposta que “obriga as escolas a respeitar as convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis”. Para o parlamentar a sociedade brasileira é heterogênea e exigir que a rede escolar seja padronizada afeta o pluralismo de ideias no ambiente acadêmico e prejudica a neutralidade política, ideológica e religiosa. “A criminalização do pensamento pretende impor aos estudantes um pensamento fechado e que os impeça, de forma neutra, tirar suas próprias conclusões” afirmou.
Bacelar evidenciou a proposta do Projeto Político Pedagógico da Escola Municipal de Eugênia Anna dos Santos, o Irê Ayó, que conta a história dos negros através dos mitos africanos, buscando resgatar, preservar e propagar a cultura africana e afro-brasileira, levando em consideração as vivências de uma comunidade negra que preserva as raízes africanas, e vivem no Terreiro de Candomblé, Ilé Axé Opó Afonjá, em um bairro de Salvador. “Quando eu vejo nas redes sociais uma postagem da Escola Sem Partido dizendo que a imagem de Xangô é uma doutrinação umbandista ou candomblecista ou de qualquer religião de matriz africana, me leva a crer que o não reconhecimento e o desrespeito a identidade cultural levará o país a ter sérios atritos. O professor pode não aceitar a concepção pedagógica de um autor, mas tem o dever de dizer e explicar o porquê ele não aceita a concepção. O preparo cientifico não faz com que a retidão ética dele desapareça” concluiu.
Ao finalizar, o petenista lembrou ainda que “a escola e a educação não são neutras porque a vida humana não é neutra e que o professor não pode ser um doutrinador, mas tem o direito de expressar as suas opiniões em sala de aula. A escola sem partido é uma mordaça aos professores”.